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Tá na hora do CoroCoro Coral!

  • Foto do escritor: Vida de Treinador
    Vida de Treinador
  • 23 de mar.
  • 8 min de leitura

Quem conhece foto de nokia já sabe quem tá chegando... Quem conhece foto de nokia já sabe quem tá chegando... Tá na hora da Corocoro! Tá na hora de surtar surtar surtar surtar surtar! O Khu não é nada comparado à nossa maioral: CocoroCoro!


Ícone dos leaks dos anos 2000, a CoroCoro Comic é uma revista que existe desde o fim dos anos 1970, cujo conteúdo é bastante focado em cultura e referência japonesa para crianças. Mundo afora seu nome passou a ser reconhecido como resultado da pokéfebre que tomou conta do mundo: uma das franquias que a revista divulgava. O nome CoroCoro no Japão é uma onomatopeia equivalente ao som de algo pequenino rolando (imagina um barulhinho que seja popular na sua infância e pensa que ela virou nome de revista, tipo Revista VrumVrum). Neste artigo, vou recapitular um pouco da história da revista e seus principais momentos divulgando Pokémon, sobretudo para os mais jovens que acham que ficar fazendo enigma é o auge do leak.


Curiosidade: No Brasil, a gente teve uma revista na mesma vibe: totalmente voltada para crianças, a Revista Tico-Tico, que circulou entre 1905 e 1977, e publicava histórias em quadrinho. O nome Tico-Tico é também uma onomatopeia, aliás. Criada pelos indígenas esse é o som compreendido por eles que o pássaro faz.


Depois de enfrentar muitos perrengues, Pokémon foi finalmente lançado na sua versão Red & Green, em Fevereiro de 1996. Longe de ser o império com toda sua organização empresarial e hierarquia que se tornaria em 1998, a Game Freak junto à Nintendo investiu na publicidade na revista que melhor poderia atingir o público game infanto-juvenil japonês: a CoroCoro.


A CoroCoro Comic é uma revista bem grossinha, com quase 750 páginas, no formato A5 (pense numa folha "comum" dobrada no meio). Seu conteúdo é impresso em páginas coloridas (em papel liso brilhante, muito similar ao couchê) e páginas de "papel jornal" com menos cores. Nas coloridas, costumam aparecer notícias e informações sobre jogos e animes, enquanto nas demais estão os mangás e os one-shots. As capas da CoroCoro também são icônicas porque são o auge do caos da comunicação visual tão comum na cultura japonesa.


À esquerda está a primeira CoroCoro, lá de 1977 - já dá pra ver que ela era bem robusta, né? À direita, a coleção de algumas revistas, cujas edições são mensais e têm capa desenhadas pelo mesmo designer há quase 50 anos (ele entrou  para o Guinnes por isso).
À esquerda está a primeira CoroCoro, lá de 1977 - já dá pra ver que ela era bem robusta, né? À direita, a coleção de algumas revistas, cujas edições são mensais e têm capa desenhadas pelo mesmo designer há quase 50 anos (ele entrou para o Guinnes por isso).
Alguns outros mangás inspirados em jogos (e os minions) ao longo dos anos. Em destaque um mangá baseado no Tamagotchi para trazer nostalgia aos idosos que me leem.
Alguns outros mangás inspirados em jogos (e os minions) ao longo dos anos. Em destaque um mangá baseado no Tamagotchi para trazer nostalgia aos idosos que me leem.

A primeira menção a Pokémon já começou no mês posterior à sua estreia no GameBoy. Em Março de 1996, ainda sem figurar entre os jogos mais vendidos, a aventura de Kanto foi apresentada numa notinha de rodapé, na área de rankings, além disso apareciam também informações sobre os líderes de Pewter e Cerulean, Misty e Brock.

 A escolha de Clefairy ilustrando as páginas reforçando o que muita gente já sabe hoje: durante um tempo, Clefairy foi cogitada como mascote da franquia. As imagens podem ser melhor vistas aqui.
 A escolha de Clefairy ilustrando as páginas reforçando o que muita gente já sabe hoje: durante um tempo, Clefairy foi cogitada como mascote da franquia. As imagens podem ser melhor vistas aqui.

Já no mês seguinte, em Abril, a coisa mudou de figura. Pokémon surge na hot-list da CoroCoro, debutando direto em 5º lugar. Nessa mesma edição, acontece o primeiro evento da história de Pokémon: o sorteio de Mew.


Sem precisar olhar embaixo de caminhão nenhum, o processo consistia em enviar o pedido pra revista e torcer para ser um dos 20 escolhidos! Se a sorte de Arceus brilhasse sobre você, você precisaria enviar o cartucho do seu jogo para o endereço da Game Freak e ela MANUALMENTE adicionaria o primeiro mítico da franquia. Contando isso hoje, fica claro como a Game Freak era freak mesmo das ideias, né. Ela não entendia ainda, o fenômeno que Pokémon estava se tornando, oferecendo um número tão baixo de premiação. Mas foi aí que ela aprendeu...


Nada mais nada menos que 78.000 cartas foram enviadas!


As instruções pediam para que os fãs enviassem uma cartinha com: 1 Endereço; 2 Nome completo; 3 A série que estavam na escola; 4 Número de telefone para contato; 5 Qual o nome do Pokémon favorito e o porquê; 6 O nome do Pokémon menos favorito. Quem ganhasse, a GameFreak entraria em contato para explicar o que fazer.
As instruções pediam para que os fãs enviassem uma cartinha com: 1 Endereço; 2 Nome completo; 3 A série que estavam na escola; 4 Número de telefone para contato; 5 Qual o nome do Pokémon favorito e o porquê; 6 O nome do Pokémon menos favorito. Quem ganhasse, a GameFreak entraria em contato para explicar o que fazer.

Com uma busca tão alta pelo Mew, o primeiro sucesso da parceria CoroCoro e Pokémon surgia. E dali pra frente foi só oxe atrás de vixe e muito surto, como o ocorrido seis meses depois, em Novembro de 1996: a venda de Pokémon Blue, por meio de encomenda pelos correios!


A essa altura, Pokémon Red & Green já eram um fenômeno que vendera 1 milhão de cópias. Pokémon Blue, a terceira versão para os japoneses, como a própria revista indicava, era um update visual em celebração a essa marca, mas com a mesma história. Quem, mesmo assim, quisesse adquirir bastava seguir as instruções da revista (detalhadas aqui pelo Mr Lava) e que olhando hoje a gente pensa: TÁ DOIDA?


A CoroCoro simplesmente vendeu um jogo por encomenda de correio e contou que toda criança iria efetuar o pagamento direitinho depois da aquisição (e muitas não pagaram). Que falta fazia um pix na época.
A CoroCoro simplesmente vendeu um jogo por encomenda de correio e contou que toda criança iria efetuar o pagamento direitinho depois da aquisição (e muitas não pagaram). Que falta fazia um pix na época.

Sim, você não entendeu errado. Eles venderam o jogo não nas lojas, mas através da revista! E mais... produziram um jogo SOBRE DEMANDA, encomendando a fabricação a partir da procura - em outras palavras, não estocaram um monte e tentaram vender, mas sim pediram lotes de fabricação a partir da busca - o que só reforça como a franquia ainda estava descobrindo seu poderio e não confiava plenamente que alguém compraria de novo um jogo já lançado, apenas com pequena melhoria gráfica.


Para adquirir a cópia, era preciso preencher o formulário que vinha na revista, podendo solicitar até 2 cópias. As cartas que fossem enviadas até 30 de Novembro daquele ano, seriam respondidas com o jogo em 31 de Dezembro, mas, com a possibilidade de demorar 6 semanas.
Para adquirir a cópia, era preciso preencher o formulário que vinha na revista, podendo solicitar até 2 cópias. As cartas que fossem enviadas até 30 de Novembro daquele ano, seriam respondidas com o jogo em 31 de Dezembro, mas, com a possibilidade de demorar 6 semanas.

Com erros, acertos e tropeços, a parceria da Game Freak (via Nintendo) com a CoroCoro seguiu com inúmeros outros casos de anúncio que começavam por lá, e isso inclui a divulgação do anime. De Dezembro de 1996 a Abril de 1997, por exemplo, a CoroCoro anunciou em primeira mão a chegada da versão animada do jogo. Nessa thread, esse perfil vai mostrando edição por edição quais novidades foram mostradas, e como havia uma expectativa de que o mangá da CoroCoro fosse a base do anime.


Chocando zero pessoas, na figura central do anúncio estava já o Charizardo. Mas, para além dele, outros pontos são valiosos: No tópico 1, consta que o anime vai contar com parte da animação em CG (algo que nunca rolou); 2. No tópico 2, a CoroCoro informa que o protagonista será RED e ele terá uma Clefairy, igual o mangá que rolava na CoroCoro feito por Kosaku Anakubo; 3. No 4, simplesmente Ho-Oh aparece, já na artwork que, anos depois, ele seria lançado na capa de Pokémon Gold, e mais: a revista já fala em Pokémon 2 a ser lançado em 1997 (Johto foi lançada só em 1999).
Chocando zero pessoas, na figura central do anúncio estava já o Charizardo. Mas, para além dele, outros pontos são valiosos: No tópico 1, consta que o anime vai contar com parte da animação em CG (algo que nunca rolou); 2. No tópico 2, a CoroCoro informa que o protagonista será RED e ele terá uma Clefairy, igual o mangá que rolava na CoroCoro feito por Kosaku Anakubo; 3. No 4, simplesmente Ho-Oh aparece, já na artwork que, anos depois, ele seria lançado na capa de Pokémon Gold, e mais: a revista já fala em Pokémon 2 a ser lançado em 1997 (Johto foi lançada só em 1999).
Em Março, mês que antecipou o lançamento do anime, a CoroCoro reuniu algumas das vozes que imortalilzariam esses personagens nas manhãs de Tóquio. Que pitica a Mayumi Iizuka, seyuu da Misty, com 10 anos!
Em Março, mês que antecipou o lançamento do anime, a CoroCoro reuniu algumas das vozes que imortalilzariam esses personagens nas manhãs de Tóquio. Que pitica a Mayumi Iizuka, seyuu da Misty, com 10 anos!

Tudo isso faz da CoroCoro uma enciclopédia viva da história de Pokémon. Dá até pra brincar de Jogo dos "07 erros" com essa imagem abaixo da primeira aparição de Ash, Gary e Carvalho na revista.


Dor.. Prazer... Consegue distinguir?
Dor.. Prazer... Consegue distinguir?

O TCG também começou seu anúncio por lá, em Outubro de 1996. Na imagem abaixo já mostrava a simplificação dos tipos que seriam usado na batalha (elétrico, lutador, planta, água, fogo, normal e psíquico), além de algumas instruções básicas do funcionamento.

A ilustração da esquerda, com o Pikachu de olhos verdes e a pokebola de ponta-cabeça é a cereja do bolo. A Clefairy é Pippi, mascote-protagonista do mangá de Anakubo que saia na CoroCoro.
A ilustração da esquerda, com o Pikachu de olhos verdes e a pokebola de ponta-cabeça é a cereja do bolo. A Clefairy é Pippi, mascote-protagonista do mangá de Anakubo que saia na CoroCoro.

A essa altura, depois de ver que a CoroCoro comandava a divulgação e comunicação de tudo que a franquia produzia: você já deve ter notado que o termo "vazamento" (ou leak) que se popularizou nos anos 2000, com a revista, era, na real, informações oficiais, só que antecipadas para o mundo, porque alguém que recebia as revistas com antecedência na banca (ou para enviar pelo correio), pegava seu Nokia e tirava foto e jogava na rede.


Destaco isso, porque esse tipo de vazamento se difere do vazamento que são mais comuns atualmente, resultado de cópias roubadas ou insiders na equipe de desenvolvimento. Isso não quer dizer, no entanto, que o vazamento da CoroCoro não incomodava; claro que incomodava, afinal, adiantava na internet algo que foi planejado para ser um furo de notícia da revista. Como a CoroCoro sai todo dia 15 do mês, então já na primeira semana alguém estourava no 4Chan: vazou a CoroCoro!, e assim o surto coletivo começava. E sabe um lugar que era a principal fonte desses vazamentos? Isso mesmo, a Serebii.net, cujo dono é um oficial hater de leaks e rumores hoje em dia (até porque já postou leak falso sem querer kkk #momentos).


Olha esse print que peguei no site do Menino Joe (Serebii). Ele já é mais contemporâneo, de 2012, era BW2, mas mostra muito da (má) qualidade que muitos CoroLeaks vinham, além de mostrar que o nome me Japonês dos personagens era a forma inicial que chamávamos eles, até sair o jogo em inglês (eu falo Mijimaru até hoje, quando vejo o Oshawott, por isso).
Olha esse print que peguei no site do Menino Joe (Serebii). Ele já é mais contemporâneo, de 2012, era BW2, mas mostra muito da (má) qualidade que muitos CoroLeaks vinham, além de mostrar que o nome me Japonês dos personagens era a forma inicial que chamávamos eles, até sair o jogo em inglês (eu falo Mijimaru até hoje, quando vejo o Oshawott, por isso).

Entre 2002 e 2016, a CoroCoro então se tornou o nosso templo sagrado de informação. Foi na CoroCoro de 2002 que se soube o nome dos iniciais de Sinnoh (já vistos em um trailer que rolou no filme Pokémon Heroes, no Japão), na de 2010 que se descobriu a existência da TripleBattle em Unova; na de 2014 que se viu pela primeira vez várias megas de Kalos, como Lucario e Mawile; e na de 2016 que se soube que as formas diferentes de Groudon e Kyogre não eram megaformas, mas sim formas Primal, do remake de Hoenn que chegaria.


Essas fotos fizeram o mundo inteiro entrar em frenesi no mundo todo. Só se falava isso na poke-esfera, em todo Kanto possível: 4chan, Reddit, Twitter, MySpace e Facebook.
Essas fotos fizeram o mundo inteiro entrar em frenesi no mundo todo. Só se falava isso na poke-esfera, em todo Kanto possível: 4chan, Reddit, Twitter, MySpace e Facebook.
Alola ainda pegou um pouco dessa rebarba. Alguns pokés foram vistos pela primeira vez na CoroCoro, antes da era dos anúncios em vídeos se tornarem a regra.
Alola ainda pegou um pouco dessa rebarba. Alguns pokés foram vistos pela primeira vez na CoroCoro, antes da era dos anúncios em vídeos se tornarem a regra.

Nesse período, outras formas de divulgar seu material já eram adotadas pela Pokémon Company (que existia para representar a GameFreak desde 1998): vídeo no Youtube, easte-egg nas salas de cinema e gameplay em eventos especiais sobre jogos - mas a CoroCoro seguia sendo uma dessas estratégias até que... bem, até que Galar chegou e o marketing passou a optar por um modelo mais sigilosa de comunicação.


Foi neste período, a partir de 2016, que o evento conhecido como PokémonDay foi tomando forma e se começou a optar por centralizar as notícias da franquia num evento próprio, o PokémonDay - que depois nos traria o Pokémon Presents, em 2020.


Logos usadas entre 2016 e 2023 para celebrar o PokémonDay
Logos usadas entre 2016 e 2023 para celebrar o PokémonDay

As coisas mudam, né? Hoje um teaser de um minuto nos traz informações gerais e genéricas e depois a empresa fica um ano em silêncio e... no passado, a CoroCoro simplesmente nos entregava páginas e páginas, um mês após o outro, de novidades. Vale a menção de 2010, quando QUINZE páginas falando de Pokémon foram publicadas na CoroCoro falando sobre Unova.


Maior parte disso aí era novidade nunca antes vista. Não se sabia se se falava do Dream Radar, ou dos novos pokes, ou do evento do Zoroark, ou do antagonista, ou dos exclusivos de região, das triple battles, da modalidade online, dos ginásios. Nossa; era metralhadora de notícias.
Maior parte disso aí era novidade nunca antes vista. Não se sabia se se falava do Dream Radar, ou dos novos pokes, ou do evento do Zoroark, ou do antagonista, ou dos exclusivos de região, das triple battles, da modalidade online, dos ginásios. Nossa; era metralhadora de notícias.

Antes de encerrarmos essa nostalgia dos tempos áureos da CoroCoro, é preciso recordar só mais uma coisinha. Uma que não está diretamente ligada à revista, mas que também era responsável por uma muvuca boa: os leaks falsos. Depois de 20 anos com imagens vazadas na internet, e contando com o analfabetismo do resto do mundo em japonês, a criação de leaks falsos usando um Photoshop e um sonho se tornou um meme comum provocando várias falsas esperanças e ataquicardias de ilusão. Abaixo algumas das principais delas para você matar a saudade,


Do you remember?
Do you remember?

É isso, meninos Júlios, peguemos nossa gaita agora e demos tchau-tchau-tchau CoroCoro. Que coisa gostosa é partilhar uma memória juntos.


A GomesFrancisco ainda está em forma beta; então nem todos os artigos estão escritos, tampouco o site finalizado, mas um dia termino tudo. Até lá, espero continuar trazendo artigos para vocês todas as semanas

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